A internauta Odete Aparecida Muniz, educadora física de Santa Catarina questionou sobre 'fundamento cortada' na modalidade "Voleibol Adaptado" e a devolutiva foi feita pelo Coordenador do Programa VITALidade São Bernardo do Campo, professor Miguel Guarinon, moderador do site: http://vitalidade.net .
A seguir, texto na íntegra da devolutiva:
"Evolução com liberdade
de opção... O assunto é polêmico... Há uma legião de idosos que se comportam
como originados de uma matéria prima diferente... Uns vieram do pó, outros do
barro, alguns da sílica... Já que fui cutucado, não devia, mas tenho
a obrigação de registrar minha opinião pessoal a respeito do assunto... Se um
idoso reunir condições de "saltar
e cortar" e as regras do evento de que participar permitirem, não vejo problema...
A altura da rêde é que deve balizar o julgamento da periculosidade da ação,
creio eu... Até o ano passado _ 2011 _ com a rêde a 243cm do chão, a ação
dos atacantes de Voleibol adaptado em São Paulo era (de certa forma),
dificultada...Hoje _em 2012 _ com a rêde a 235cm do chão, os mesmos
atacantes de outrora "deitam e rolam"... Todavia, tal providência
possibilitou a aparição de outros atacantes de menor estatura... A potência de
arremesso dos "galalaus" de outrora ganhou um considerável
incremento... Eu diria, sem receio de errar, que seus lançamentos de
ataque ficaram bem parecidos com uma "cortada"... Ocorre que a ação
da "cortada" é bem complexa e é atributo de quem tem pré requisitos
adquiridos de uma prática refinada, peculiar a ex-militantes de Voleibol
convencional... Cercear sua participação é tal qual, guardadas as devidas
proporções, desejar que um ex-nadador que tenha sofrido um acidente, e, se
tenha, por exemplo, colocado uma prótese em uma ou duas pernas (que o
impeça de saltar do bloco de saída), seja impedido de realizar a largada de
dentro da piscina... Pior, ainda, se êle consegue a
vitória _ como ocorreu em Osvaldo Cruz no último campeonato estadual
do JORI, com um nadador de Santana de Parnaíba _ querer impugná-lo e remetê-lo
a nadar exclusiva, pre-conceituosa, covarde, hipócrita, e,
incoerentemente entre pessoas portadoras de deficiência... "Viajei na
maionese"?... Desculpe... Em São Paulo, o atacante, ainda não pode saltar
para atacar, porém, pode fazê-lo, para bloquear um ataque... O esporte assim
como a vida tem que evoluir... O homem evolui e suas criações também...Hoje,
mal comparando, já não se vêem guerras em que combatentes se engalfinham
corpo-a-corpo... Há muito mais diplomacia e também vilania, não nego...
Finalmente, para não me estender mais do que já fiz, penso que se o atacante
puder cortar, caberá ao defesa prevenir-se e realizar um aprendizado de
manchete com as necessárias precauções que o fundamento exige, para rebater a
bola com eficiência... Dedos machucados não serão absolutamente evitados, da
mesma forma que ocorre no Voleibol convencional... Vide, os cuidados com
que os/as jogadores/as mais jovens se cercam enfaixando dedos com esparadrapos...
Uns para se prevenirem, outros para evitarem um possivel desarranjo
articular ... Em nosso site www.vitalidade.net sublinhamos, ou melhor, chamamos a atenção para prática de modalidades
de jogos ou esportes sem e com restrição médica... Vale dizer sem e com
limitação física... O que em ultima análise significa:- Nem sempre querer
é poder... Querer saltar de pára-quedas sem percalços exige uma
aprendizagem... Da eficácia do aprendizado irá depender a aterrisagem...
Sem contar a qualidade do equipamento... Quando os atletas de corrida de
velocidade iniciaram nas Olimpíadas de outrora, sem ir muito longe na linha do
tempo, faziam buracos no chão... Hoje, utilizam
"blocos-de-saída" e correm em pista sintética... Em nome de um esporte
adaptado evolutivo para idoso,
finalmente, diria, diplomática, e, mais do que isto, ajuizada e
criteriosamente, hoje há que se separar quem tenha
praticado uma determinada atividade como militante em sua juventude, de quem a
deseje praticar a partir de um aprendizado tardio, todavia necessário, importante, ludico e
salutar... O que não se pode é ... Vou correr consciente e
deliberadamente o risco?... Melhor não... Haver separado jogadores idosos em
faixas etárias de 60 a 69 anos, proibindo-os de jogarem Voleibol, assim
como dançar esportivamente, entre os de maior de 70 anos, foi uma providência
prudente e interessante em São Paulo... Não sei, digo, não tenho conhecimento
das regras de Voleibol Adaptado de outros estados de nossa federação politica,
nem desportiva... Sei que advogo e defendo o Voleibol Simplificado que evita o
engessamento presente no Voleibol Adaptado... Para fechar o raciocínio da
evolução, outra medida importante na questão da prática esportiva para
idosos em São Paulo, a meu ver, foi a adoção da liberdade de opção
de saltar do bloco de saída na Natação _o que era proibido aos maiores de
70 anos... "Quem tem consciência do que pode, escolhe o que melhor
lhe caiba." ... E corre e deve, amadurecida,
equilibrada, deliberadamente, assumir seus riscos."