sexta-feira, 21 de setembro de 2012

FUNDAMENTO CORTADA
VOLEIBOL ADAPTADO

A internauta Odete Aparecida Muniz, educadora física de Santa Catarina questionou sobre 'fundamento cortada' na modalidade "Voleibol Adaptado" e a devolutiva foi feita pelo Coordenador do Programa VITALidade São Bernardo do Campo, professor Miguel Guarinon, moderador do site: http://vitalidade.net .

A seguir, texto na íntegra da devolutiva:

"Evolução com liberdade de opção... O assunto é polêmico... Há uma legião de idosos que se comportam como originados de uma matéria prima diferente... Uns vieram do pó, outros do barro, alguns da sílica... Já que fui cutucado, não devia, mas tenho a obrigação de registrar minha opinião pessoal a respeito do assunto... Se um idoso reunir condições de "saltar e cortar" e as regras do evento de que participar permitirem, não vejo problema... A altura da rêde é que deve balizar o julgamento da periculosidade da ação, creio eu... Até o ano passado _ 2011 _ com a rêde a 243cm do chão, a ação dos atacantes de Voleibol adaptado em São Paulo era (de certa forma), dificultada...Hoje _em 2012 _ com a rêde a 235cm do chão, os mesmos atacantes de outrora "deitam e rolam"... Todavia, tal providência possibilitou a aparição de outros atacantes de menor estatura... A potência de arremesso dos "galalaus" de outrora ganhou um considerável incremento... Eu diria, sem receio de errar, que seus lançamentos de ataque ficaram bem parecidos com uma "cortada"... Ocorre que a ação da "cortada" é bem complexa e é atributo de quem tem pré requisitos adquiridos de uma prática refinada, peculiar a ex-militantes de Voleibol convencional... Cercear sua participação é tal qual, guardadas as devidas proporções, desejar que um ex-nadador que tenha sofrido um acidente, e, se tenha, por exemplo, colocado uma prótese em uma ou duas pernas (que o impeça de saltar do bloco de saída), seja impedido de realizar a largada de dentro da piscina... Pior, ainda, se êle consegue a vitória _ como ocorreu em Osvaldo Cruz no último campeonato estadual do JORI, com um nadador de Santana de Parnaíba _ querer impugná-lo e remetê-lo a nadar exclusiva,  pre-conceituosa, covarde,  hipócrita, e, incoerentemente entre pessoas portadoras de deficiência... "Viajei na maionese"?... Desculpe... Em São Paulo, o atacante, ainda não pode saltar para atacar, porém, pode fazê-lo, para bloquear um ataque... O esporte assim como a vida tem que evoluir... O homem evolui e suas criações também...Hoje, mal comparando, já não se vêem guerras em que combatentes se engalfinham corpo-a-corpo... Há muito mais diplomacia e também vilania, não nego... Finalmente, para não me estender mais do que já fiz, penso que se o atacante puder cortar, caberá ao defesa prevenir-se e realizar um aprendizado de manchete com as necessárias precauções que o fundamento exige, para rebater a bola com eficiência... Dedos machucados não serão absolutamente evitados, da mesma forma que ocorre no Voleibol convencional... Vide, os cuidados com que os/as jogadores/as mais jovens se cercam enfaixando dedos com esparadrapos... Uns para se prevenirem, outros para evitarem um possivel desarranjo articular ... Em nosso site www.vitalidade.net sublinhamos, ou melhor, chamamos a atenção para prática de modalidades de jogos ou esportes sem e com restrição médica... Vale dizer sem e com limitação física... O que em ultima análise significa:- Nem sempre querer é poder... Querer saltar de pára-quedas sem percalços exige uma aprendizagem... Da eficácia do aprendizado irá depender a aterrisagem... Sem contar a qualidade do equipamento... Quando os atletas de corrida de velocidade iniciaram nas Olimpíadas de outrora, sem ir muito longe na linha do tempo, faziam buracos no chão... Hoje, utilizam "blocos-de-saída" e correm em pista sintética... Em nome de um esporte adaptado evolutivo para idoso, finalmente, diria, diplomática, e, mais do que isto, ajuizada e criteriosamente, hoje há que se separar quem tenha praticado uma determinada atividade como militante em sua juventude, de quem a deseje praticar a partir de um aprendizado tardio, todavia necessário, importante, ludico e salutar... O que não se pode é ... Vou correr consciente e deliberadamente o risco?... Melhor não... Haver separado jogadores idosos em faixas etárias de 60 a 69 anos, proibindo-os de jogarem Voleibol, assim como dançar esportivamente, entre os de maior de 70 anos, foi uma providência prudente e interessante em São Paulo... Não sei, digo, não tenho conhecimento das regras de Voleibol Adaptado de outros estados de nossa federação politica, nem desportiva... Sei que advogo e defendo o Voleibol Simplificado que evita o engessamento presente no Voleibol Adaptado... Para fechar o raciocínio da evolução, outra medida importante na questão da prática esportiva para idosos em São Paulo, a meu ver, foi a adoção da liberdade de opção de saltar do bloco de saída na Natação _o que era proibido aos maiores de 70 anos... "Quem tem consciência do que pode, escolhe o que melhor lhe caiba." ... E corre e deve, amadurecida, equilibrada, deliberadamente, assumir seus riscos."